terça-feira, 5 de julho de 2011

*** associação atlética ipiranga ***


***eu fui bem feliz na minha infância. feliz e livre. tão livre que se fosse hoje o conselho tutelar vinha atrás da minha mãe e me confiscava, certeza. nós morávamos na fernando arens, dois quarteirões antes do paulo mendes silva, e desde sempre essa rua foi movimentadíssima, carro, ônibus, moto, caminhão, charrete e bicicleta de monte e desde sempre eu fui sozinha nos lugares. ia pra escola andando e andando ia na piscina todo dia. TODO DIA. sem força de expressão nenhuma, menos às segundas-feiras - dia que o ipiranga não abria, eu estava lá.
como eu, as crianças do bairro e dos bairros próximos também. ninguém passava filtro solar, a gente corria em volta da piscina, brincava de lutinha, se empurrava e ninguém morreu, e se machucou foi machucado pouco, de se curar com merthiolate que ardia e pronto.
era quase insanidade dos pais deixaram a gente ir sem supervisão: o clube tinha ( e até onde eu sei ainda tem)um parquinho, 3 piscinas, que a gente apelidou de pequena, média e grande: a pequena era pra quem era de fato muito pequeno, redonda e num lugar que batia mais sombra, do lado do bar. e média, um pouquinho mais funda, também redonda, ficava do lado. e tinha a grande...ah, a grande! era de fato grande e funda, bem funda e o grande lance era encostar a mão lá embaixo e ficar bastante tempo submerso. e tinha um trampolim, com grades laterais:os meninos subiam nas grades e davam mortais (com o corpo pingando em cima do ferro quente) e ninguém imaginava que podia escorregar, quebrar o pescoço, morrer afogado, esses dramas atuais. éramos todos despreocupados.
os tiozinhos jogavam bocha, a moçada futebol e tinha sinuca, pebolim e ping pong. eu só ia embora quando a piscina fechava e no dia seguinte estava lá quando ela abria. era negra e meus biquinis (eu só tinha dois e ia revezando) totalmente desbotados pelo cloro. ia embora com o olho mega vermelho pela mesma razão e quando tinha dinheiro comprava sorvete ou coxinha no bar e a vida era maravilhosa. as minhas irmãs iam de final de semana e eu queria ficar perto, curtir uma de adultinha, deitar na toalha e ouvir música, que tocava nos altos falantes. e teve a vez que a minha mãe foi e esse dia foi lindo, ela de maiô preto, sentadinha do lado da mãe da simone, rindo e mexendo os pés na água...
eu não lembro porque a gente deixou de ser sócio de lá, nem imagino. já tive vontade de entrar e olhar como está, mas deixa assim. meus olhos hoje não verão o que eu via quando era criancinha.***

2 comentários:

massagardi vendas diretas disse...

Texto maravilhoso!
Obrigado por me fazer viajar no tempo e relembrar momentos felizes!

Angelica disse...

Que lindo Maria Cláudia. Estou tentando.me lembrar de vc, acho que sei que é. Mas, o que importa é que o que escreveu é exatamente o que vivíamos.
Eu morava bem pertinho. Minha avó chegava a nos ouvir de casa, sempre sabia Qdo estava indo embora pq tocava a campainha kkkk.
Tbm tenho vontade de entrar, toda vez que vou para Jundiaí, mas....
Quem sabe um dia nos encontraremos todos por lá?!?!?!?!.
Abraços.