Eis uma frase clássica. E odiável.
Sua vida corre de um jeito ok, bacana em alguns momentos, extraordinária em outras. Até que num terça-feira ela dá um capote e tudo muda. Pode ser qualquer fator, e a vida é pródiga em oferecer várias opções:
você pode receber um sms enviado por engano e descobrir que todo mundo vai numa festa, menos você.Você pode entrar no perfil daquele cara que você tá a fim e descobrir que ele tá é a fim de outra. Seu dinheiro pode ter acabado. A saudade pode ter aumentado. Vai saber. Ninguém sabe, só você.
A dor de cada um é grande e de cada um. Não tem como quantificar, botar graus de tristeza.
Aí você procura alguém bacana e amigo e chora suas mágoas. E a pessoa solta um solene: "Eu te entendo".
Não, meus caros. Ninguém entende. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. As dores e os amores. Talvez seu travesseiro, já que o ditado manda chorar na cama que é lugar quente. Mas ninguém entende.
Nunca, jamais, em tempo algum,profira essa frase. Quem a ouve sente de cara que você quer encerrar o assunto e começar a falar de si.
-Pense nas crianças da África, pense nas mães da praça de Maio.
-Sim, sofrem muito. É ilegítimo eu querer chorar agora? Porque eu não nasci na África ou tive meu filho morto pela ditadura de algum país?
-Ai amiga, eu te entendo.
Vê? Ninguém entende.
Nunca.
Ninguém sabe. Mesmo.