Sábado estive numa festa bacana. Vou sempre lá, pessoas do bem circulam por ali. Nesse dia alguém nem tão do bem entrou e resolveu roubar o celular de algumas pessoas. A história é basicamente sobre isso.
Eu tava lá, bem feliz. Dancei, cantei, sorri. Quando fui usar meu celular, ops cadê? Nada. Nem fiquei muito tensa. Já vi outras pessoas perderem e acharem seus celulares e outras coisas por ali. Fui até um segurança e expliquei o que eu achei ter acontecido. Ele pediu pra eu esperar ali. Dentro da minha cabeça ainda não tensa, achei que ele voltaria com uns dois aparelhos e perguntaria qual o meu. De fato ele voltou e me chamou pra ir perto da entrada. Chegando lá uma mulher enfiava o dedo na cara de um rapaz todo errado.
-Você me roubou!
-Prova.
-Eu percebi cara!
-Se você me acusar de novo eu te processo.
Pronto. Bum. Caí na real: não perdi nada, não acharia nada. O cara entrou e roubou. Roubo feito, passou tudo adiante e estava ali, todo sapequinha vomitando direitos. Sim, ele tinha direitos e sabia todos decoradinho. Os seguranças pediram que ele entrasse numa sala e esperasse, ele berrou que era cárcere privado. Detalhe: diferente de muitas casas noturnas, onde pessoas de terno e gravata se acham num octógono em noite de UFC, ali todo mundo foi tranquilo, de boa. Me avisaram que não poderiam colocar a mão nele, nem nada, mas que a polícia estava chegando. Me ofereceram água, coca-cola, cerveja e cigarro. Eu queria meu telefoninho.
Foi me dando uma tristeza tão grande que eu abri o bocão. Bem aberto...
Não pelo valor do objeto em si. Não por nada. E por tudo.
Me senti bem um nada. Era pra estar lá, me empolgando com alguma música, não ali.
Minhas fotos.
Meus vídeos.
Minha agenda.
Estava incomunicável.
Sem internet na palma da mão.
Sem sms com seu sininho feliz quando chega.
Sem minhas músicas.
Meu aplicativo que me faz dormir. Tá, quem tem sono dorme de qualquer jeito. Mas é meu momento mimimi.
Ciente que o combo rímel+lápis+delineador+lágrimas fica um desastre, pedi pra sentar nos guichês de entrada. Antes o tal ladrão queria saber por que eu tava chorando. Se eu ainda tivesse meu telefone, tinha quebrado na cabeça dele. As pessoas vinham comprar ficha comigo:
-Moça, me dá 30 reais de ficha?
-Deixa eu sofreeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeer.
E sofria. Bem drama queen.
Tomei uma água. A polícia veio, a polícia foi. Me deram um e-mail pra contato com a casa e números de telefone pra eu procurá-los na segunda-feira.
Entrei, encontrei meus amigos e fui sentar num camarote. Estranho ser espectadora dentro de um lugar onde a grande maioria está feliz. Estranho não saber o número do telefone de ninguém.
Na segunda-feira, emenda de feriado, fui à loja da operadora do celular, pegar o chip com meu número, pra poder reativar a linha. Sistema fail. Mais um dia de silêncio. E a besta do ladrão nem ganhou nada - acho - com isso. O telefone foi bloqueado, não tem como usar o aparelho. Tudo perda de tempo.
Aí acho que acaba sendo aquele processo de acreditar que ainda bem que eu nem vi, que ainda bem que só foi isso, que ainda bem que blá blá blá. No fim deve mesmo ter algum propósito tudo isso.
Terei outro aparelho. Minha linha está ok. Estou anotando os telefones de novo.
Não sei terminar essa história de roubo, não havia sido roubada antes.Fiz o B.O. e a qualificada fui eu. Tá lá que eu sou loira,tenho um documento legal provando isso.